sexta-feira, 6 de abril de 2012

Meu canto à São Paulo

Esse post saiu originalmente no Facebook, mas também quero trazê-lo para meu blog pessoal, afinal nada mais é do que minha declaração de amor e ódio ao Estado que me fez crescer. Mas só um aviso, é do meu coração que trato aqui!

Acho que vou aproveitar esse momento antes de dormir pra postar algumas notinhas sobre a minha mudança para Ponta Grossa. Vocês, que acompanham muito do que se passa em minha vida o tempo todo, merecem saber mais um cadinho.


Eu gostaria de deixar bem claro que sim, NINGUÉM perguntou isso. Leia quem quiser, quem não quiser sinta-se livre para se desassociar das minhas atualizações. Mas enfim, vamos ao que interessa.

Hoje, um dia antes da minha viagem de mudança para Ponta Grossa com a minha quase-esposaSuelen, resolveu bater um pouco de nostalgia. Também pudera, são vinte e seis anos morando no estado de São Paulo, debaixo das asas protetoras dos meus pais e apoio dos irmãos (tanto do irmão de sangue como dos irmãos agregados) e amigos que fiz durante esse tempo.

Minha infância, minha adolescência, meus primeiros vislumbres da vida adulta, o início das grandes responsabilidades (e também das ENORMES loucuras, afinal minha vida foi TUDO, menos tediosa), tudo isso em meio a essa imensa metrópole. Já amei muito pelas ruas de Santo André e São Bernardo, já conheci tristeza e alegria passeando por São Caetano e aprendi quais são as minhas próprias limitações quando finalmente fui humilde comigo mesmo andando pela garoa eterna de São Paulo, sorri quando dividia uma cerveja e milhares de idéias sob o sol escaldante de Junqueirópolis e nunca deixei de levar a minha própria garrafinha de água quando precisava passear por Campinas.

Assisti a shows que meu coração de fã sequer sonhava serem possíveis, me apaixonei pelos mistérios contados pelas ruas históricas, aonde tanta gente mais importante do que eu cruzou e se inspirou também... Conheci pessoas diferentes, inusitadas, cuja vida se distancia tanto da minha que se aproxima por DEMAIS. Fui a bares lendários da noite paulistana não levando nada além de sonhos no bolso e desejo no peito, e de lá bebi um pouco do que esse imenso monstro de concreto tem a nos ensinar antes de nos devorar.

Sim, essa lição eu aprendi, e não foi tarde: esse monstro nos devora. Nos enlouquece, nos domina, nos escraviza. Tudo isso enquanto nos nutre, nos ilude e nos encanta. É uma prisão da qual você não vai ligar de estar amarrado. Você vai conseguir ver beleza até na sujeira e na imundície dEla, pois Ela já é parte de quem você se tornou. Isso é ruim? Depende (E MUITO) do que você quer pra sua vida. E eu já fiz minha escolha faz muito tempo.

Praticamente todo vivente que um dia passou pela minha vida sabe que eu não nasci para São Paulo. Nasci, cresci, me criei, me criaram, amei e fui amado quando encontrei a minha pequena paranaense, mas... Ainda assim meu coração não pertencia a essa loucura. Meu andar sempre foi "lento" demais para o ritmo cada segundo mais acelerado, e eu nunca gostei de me sentir atrasado. Talvez por eu ter um pouco do meu sangue vindo de terras "caipirescas", talvez por muito do tempo de meu amadurecimento ter sido no ABC Paulista, e não propriamente em São Paulo... Ou talvez por eu preferir ter meus pés mais próximos aos campos, aos gramados, sentir o cheiro de terra... Talvez tudo isso ou nada disso realmente importe, mas sinto que isso tudo me deixava meio alheio a tudo aqui.

E, agora que estou de malas prontas para mais uma mudança na minha vida, senti um pouco da nostalgia ao andar pela "última vez" de trem, ao ver as estações passarem velozmente por mim... Eu vi o quanto amo essa cidade. Eu vi o quanto ela foi importante pra mim, mesmo sendo tão "distante". E também percebi que ela fará falta. Não aquela falta enlouquecedora, que quer voltar correndo o tempo todo... Mas aquela falta adulta, de você finalmente reconhecer a importância dos edifícios cortando a sua visão do sol, das luzes quase apagando o brilho das estrelas, do cheiro de poluição cobrindo o cheiro do "verde" ao meu redor.

E acho que perceber isso só me fez mais feliz de tomar a decisão conjunta com a minha amada Suelen de encarar o novo. Vou sentir falta, talvez MUITA, mas ainda assim sei que será para meu crescimento como ser humano, como filho, como marido, como namorado e como amigo.

Vou também sentir uma imensa e totalmente cortante saudade das pessoas que estou deixando para trás. Pai, Mãe, Irmão, Irmãozinho que hoje dorme junto com os anjos pois Papai do Céu sentiu que ele precisava alegrar o Céu, amigos que se tornaram irmãos, amigos que estavam (e eu sei que estarão) sempre ao meu lado em todas essas situações do meu dia-a-dia, colegas de trabalho, colegas de escola, Primos e Primas, Tios e Tias... Enfim, vou sentir muita saudade mesmo, daquelas de fazer o coração apertar e você querer chorar no meio da noite, mas que é também um excelente sentimento, pois ele te lembra de quem você é, e de onde você precisa ir...

Mas eu sei que vou ser feliz. Estou do lado da mulher que descobri que amo muito, e a cada dia que passa amo mais... E também sei que, mesmo de longe, todos os co-protagonistas do meu show da vida estarão torcendo por mim. Alguns de longe, outros mais desesperados (como eu) que embarcarão em um ônibus e enfrentarão quilômetros de estrada apenas pra me dar um abraço, mas todos eles estarão torcendo por mim e pela minha esposa.

Te agradeço, São Paulo, por ter deixado que eu vivesse tudo isso. Te agradeço por ter feito meu coração ser partido tantas vezes que cheguei a imaginar que não resistiria, pois agora ele está sendo curado e amado, agradeço por ter colocado em minha vida esses seres de luz que hoje chamo pelo primeiro nome, assim como pude, por sua autorização, conhecer amor de Pai e Mãe, amor de Irmão e de Primo, amor de Amigo e Prima, amor de Tio e Tia, de Amiga e de Vizinha... Enfim, agradeço-lhe por ter me permitido emprestar tempo suficiente para que eu me tornasse um homem de verdade, talvez não tão grande quanto aqueles que me educaram e me deram a vida, mas sim do tamanho exato para que eu pudesse levar meus braços fortes (que TU fez serem fortes) para um estado imenso, que hoje me espera de braços abertos.

Sei que será barra, sei que os dias se tornarão noite até que eu consiga ser quem quero ser daqui a 10 anos, mas sei também que você torce por mim, ó Estado Amado/Odiado. Sei que suas estrelas brilharão por mim, mesmo à distância, pois você não esquece tão fácil de um filho amado.

E é isso, minhas malas me aguardam, meu sono me aguarda e vamos lá, colocar mais um capítulo na minha nada pequena vida!

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