quarta-feira, 1 de agosto de 2007

For The Love of God...

Venho aqui propôr uma discussão inusitada para vocês, meus queridos companheiros de madrugadas insones. Não, de forma alguma esse texto será ligado com religião, muito pelo contrário. Não falarei de coisas que agradam Vossa Santidade o Papa Nazi.

Após algumas constatações, venho aqui dizer que a nossa liberdade não existe!

Alguns que lerem isso pensarão: "Esse maluco tá chapando demais, como ele vêm falar que meu objetivo de vida não existe? Larga esse cara de lado!". Porém, a coisa é um pouquinho mais complicada do que eu imaginei que fosse.

Eu, como alguns sabem, tenho essas de filosofar aleatoriamente, e quando eu começo a conversar com a Joice, uma amiga minha do Rio de Janeiro, o papo tende a render assuntos dos mais variados gêneros e sínteses.

Tá, sem rodeios Magus. O lance é o seguinte: após ver como a vida nos força a tomar determinadas decisões, eu me vi confrontando um dos maiores dilemas da humanidade: a liberdade. Desde Platão, chegando até os malucos que tornaram Matrix um filme (baseado, aliás, no Mito da Caverna), o ser humano sempre tentou explicar como esse conceito abstrato é algo tão valorizado em nossa sociedade. Platão dizia que devíamos nos livrar dos grilhões da ignorância para vivermos em plenitude, para podermos ter o poder da escolha.

Mas é aí que mora o problema todo. Todos pensam que, quando atingirem o estado liberto, poderão fazer o que bem entenderem de sua vida, traçando assim seu próprio destino. Baboseira das grandes, digo eu. A liberdade com a qual todos sonhamos, mes amis, não existe. Ela, por si própria é paradoxal demais para ser aceita.

Vejam bem, quando nos "libertamos", isso geraria um círculo vicioso. Imagina se todos os seres humanos de repente fossem libertados de seus "grilhões da ignorância" o caos que seria instaurado. Sem os tais grilhões, as pessoas não cairiam mais nas falcatruas dos políticos, nas mentiras dos amigos e em mais nada. Tudo uma baboseira infinita.

O lance é o seguinte: todas as decisões que tomamos em nosso caminho geram comprometimentos maiores do que a nossa vontade. Vou detalhar melhor isso: você têm um emprego chato, irritante e com o qual você não se adapta de forma alguma, porém você gerou um comprometimento aceitando aquela vaga, e se demitir geraria uma cadeia de eventos realmente desnecessários: perda do seguro-desemprego, péssima qualificação posterior e afins. Mas aí que tá, você se libertou de algo que te enchia o saco, que não te deixava crescer, porém agora você gerou novos grilhões com os quais você terá que conviver, quer queira ou não. Arrumar uma forma de ser demitido anula a ausência do seguro-desemprego, mas gera novamente um grilhão: o de achar um novo emprego.

Tão vendo como as coisas se conectam? Toda liberdade têm um custo, não importa o que você faça, sempre será regido por essa rede de comprometimentos voluntários e involuntários que o cerca.

Tá certo, creio que vocês entenderam o conceito básico da minha discussão. Porém, eu poderia me alongar aqui dissertando sobre essa área de "libertação acorrentada", como o fato de até mesmo as diversões que você decide fazer geram um novo comprometimento. Seja ele o de apenas se divertir (tá vendo, acaba se tornando uma pequena obrigação), seja a vontade de encontrar uma garota legal (ou um garoto especial, whatever), e isso gera o comprometimento de encontrar uma pessoa assim. Não encontrou? Gerou aí uma pequena frustração para a pilha do dia a dia.

Agora vamos para a minha visão detalhada desses fatos: o que podemos fazer para termos uma liberdade diferenciada? Aí eu digo, é bem simples: escolha os grilhões que vocês querem que te acorrentem, meus caros. Tá, pode parecer uma viagem retardada minha, mas não é!

O negócio é assim: você têm o poder de definir o que faz da sua vida, não importa o que aconteça. Você têm poder sobre seu destino sim, mesmo que você não tenha a sonhada liberdade.

Pra que a compreensão seja mais fácil, vamos me usar de exemplo. Eu trabalho em um lugar que não gosto muito, mas que me agrada de certa forma. Algumas companhias valem as horas que eu passo lá por dia, sem contar que não sou mau pago. Então, eu me mantenho acorrentado àquele lugar para que eu possa desfrutar de meus maiores prazeres: viajar, comprar livros, CD's, DVD's, ingresso para shows, saídas com os amigos e de vez em quando presentes para pessoas realmente especiais. Entenderam o que eu quis dizer? Eu sou livre para decidir o que quero? Em termos sim, afinal eu defino o que faço com meu tempo que sobra, e com o dinheiro que sobra. Eu tenho, em partes, a minha tão sonhada liberdade. Estou me acorrentando a algo para que eu possa desfrutar de outros grilhões mais prazerosos.

E é aí que mora a verdadeira liberdade, meus queridos. Nada vêm sem esforço, isso creio que para todas as pessoas normais é óbvio. Então, me esforçarei dentro do que não gosto muito para que eu possa ter o que eu quero. E tudo que eu faço gera um comprometimento para mim, porém esses comprometimentos podem ser aparentemente dolorosos, porém são mais fáceis de serem resolvidos. Afinal, todo mundo tá sempre ligado a alguma coisa e a alguém a vida toda. Não adianta fugir dessa realidade universal. Então, eu me ligarei e gerarei vínculos compromissais com as pessoas e coisas que realmente me agradam. É esse meu poder de escolha, e a minha liberdade.

Um comentário:

Migeru disse...

Bom Magus, eu não tenho muito a dizer, só concordo plenamente com o que vc disse: não dá pra atingir a verdadeira liberdade, sempre estamos presos a alguma coisa e não dá pra mudar isso.

Té mais! E bom tópico. \o