terça-feira, 4 de setembro de 2007

Senzafine...

Boa noite a todos vocês, meus queridos companheiros de desventuras aventureiras. É nesse clima de dualidade que eu irei entreter vocês com mais pensamentos da minha mente maluca. E hoje iniciarei com algo que é bem interessante: a dualidade do fim de tudo.

Sim, é algo realmente complexo, mas dá pra perdermos umas horinhas pensando seriamente nisso. Tá, mas aonde raios tu quer chegar, cara? Dessa vez nem eu sei direito, farei o que alguns escritores fazem também: deixar a própria história (no meu caso, a postagem) criar corpo, alma e nascer através dos meus dedos.

Eu venho observando muito o mundo ultimamente, e reparei em como tudo tem uma dualidade. A liberdade traz responsabilidades, o trabalho traz benefícios posteriores, envolvimento amoroso traz dor e prazer ao mesmo tempo... E como eu não gosto de simplesmente devanear e me esquecer o real motivo de tudo, comecei a analisar o porquê dessa dualidade infeliz (ou feliz também, depende tudo do ponto de vista do observador, que no caso são vocês).

Como alguns sabem, há poucos dias um tio muito querido faleceu. Por descuido infeliz da parte dele, mas por fim era o que ele realmente queria: um fim não-teatral, simples e indolor. Não entrarei em detalhes quanto a isso, afinal a ferida ainda está aberta e pulsando em tons de carmesim. Pois bem, algo aconteceu enquanto eu estava de luto: lembrei de algo que já deveria ter morrido há muito tempo dentro de mim. Mas não morreu, e além das lágrimas de tristeza pelo corpo carnal de meu tio, ainda sofria por causa dela. Também, pudera. Dia 29 de Agosto completou um ano de nosso primeiro beijo, e dia 02 de Setembro completaria um ano de namoro. Engraçado como essas pequenas coisas chamadas datas influenciam tanto nossas vidas, né?

E eu ainda não tinha caído na real até o falecimento do meu tio. Ainda estava ignorando mentalmente esses eventos, fugindo de minhas dúvidas, minhas tristezas e minhas frustrações com aquele fim abrupto. Pensei em ligar para ela, botar tudo pra fora e parar de encarar tudo aquilo sozinho. Porém, não poderia fazer aquilo, iria contra todos os meus instintos protetores, entrando em uma situação na qual eu me enveredaria muito mais e quem sabe no que resultaria. Então decidi que derramarei mais lágrimas por tudo que passou.

Tá, falei demais de mim novamente, e creio que todos acham que eu perdi o foco dessa postagem. Pois bem, ainda não e vocês vão entender o que quero dizer: A dualidade do fim de tudo.

Muitos dizem que a morte de algo ou alguém é o fim de sua existência em nosso plano. Outros dizem que pode-se comunicar com os mortos, enfim. Não quero discutir crenças aqui. Agora cheguei ao ponto aonde queria: pra alguns, a morte (ou final de tudo) é constutuída de dor, perda e lágrimas de sofrimento. Para outros é uma forma de libertação, de fuga, de encerramento. Aí que tá a dualidade da coisa, inicialmente. Mas a que eu quero que vocês visualizem é a dualidade interior das pessoas com a morte de um ente querido (ou de um relacionamento também, baseando-se em mim).

Eu, quando meu tio faleceu, inicialmente me senti o ser mais triste do universo. Perder uma pessoa tão importante pra mim foi algo doloroso, inexplicável, imensurável. Foi uma dor que eu duvidava que qualquer outra pessoa, além dos meus familiares pudessem sentir. Fiquei chateado com Deus, com a humanidade, comigo mesmo, com meu tio, com tudo. Daí veio aquela sensação de negação, de que aquilo não passava de um engano, que aquele naquele caixão não era meu tio. Depois, veio a conformação com aquilo tudo. Foi o melhor para ele, assim ele não sentiria o sofrimento que poderia vir a sofrer futuramente, e por fim a aceitação. Meu tio faleceu mesmo, e não há nada que eu, Deus, o mundo ou ele mesmo possa fazer pra mudar isso.

E depois de tudo isso senti até alegria no fundo do peito, ao ver como meu tio era uma pessoa querida. Praticamente a cidade toda estava lá, no velório dele, velando por sua alma e querendo o melhor para sua família. Foi algo bonito, apesar de tão triste. Aliás, taí outra dualidade. Acho que elas me perseguem.

Agora sobre relacionamentos: todas as fases se repetiram, cada uma com um tempo maior entre elas, porém tudo da mesma forma. Só agora, porém, é que eu fui me conformar e me sentir feliz com tudo isso. Acabou, foi bom enquanto durou, mas eu preciso voar de vez desse ninho que eu mesmo construí. O que me enche o saco são os sonhos que eu ando tendo, o que eu usarei para a próxima postagem, sobre os sonhos.

E agora, o que o título quer dizer, e o quê ele tem de relação com tudo isso que eu falei? Fácil, Senzafine é uma palavra em italiano, que equivale ao nosso: "Sem Fim", "Infinito", "Infindável". É tudo que se passa, que fecha o ciclo de dualidade. Eu sei que meu tio faleceu, e eu sei também que meu relacionamento com ela acabou, porém nada deixa de ser "senzafine". Tudo é eterno, tudo nos marca a alma, tudo acaba exercendo uma influência também "senzafine" sobre nós. Eu nunca esquecerei a face de meu pai, como diria um grande pistoleiro do Mundo Médio. Eu nunca esquecerei as coisas que meu tio me ensinou, nunca esquecerei sua alegria calada, sua existência curta, porém intensa, suas lições de humildade e seriedade. E também nunca esquecerei o amor que eu senti por aquela menina, como meus sentimentos por ela despertaram suavemente como uma brisa de verão, e como ela se foi na mesma intensidade, e nunca esquecerei o brilho de seus olhos.

Só espero que o sofrimento não seja "senzafine" também, afinal chega de chorar pelos mortos que já enterramos. É hora de deixar ele ir de uma vez.

Obrigado a todos pela companhia e pela atenção. Agradeço também antecipadamente os sentimentos e os pêsames de todos vocês, além da preocupação de todos também.

Um comentário:

Momo Noguiko disse...

Bem, já fui em vários enterros na minha familia, em nenhuma eu havia chorado, mas em nenhuma tive coragem de olhar para dentro do caixão.

Sei que quando um parente mais próximo morrer irei sentir algo, mas quando acontecer, vou tentar me manter impassivel, pois sei que é algo melhor.

Sei que a pessoa não estará mais aqui, que não a verei mais, mas acho que o mais importante é o tempo que passamos juntos da pessoa.

Uma pessoa não morre de verdade, enquanto ela for lembrada ela estará viva.

Tudo na vida há um lado ruim e um lado bom, é importante saber balancear tudo, a tristeza é ruim, sim ela é, mas como saberemos o que é feliz se nunca sentirmos tristeza?

Por mim a morte é algo que espero a todo momento (tanto que eu acho que ela me evita =P), por isso que quando alguém morrer eu não vou ficar surpresa, triste vou, mas logo me conformarei.